Blinken acusa a China de ser o principal fornecedor da indústria militar da Rússia

A poucos dias de visitar Pequim e referindo-se à guerra na Ucrânia, chefe da diplomacia dos EUA diz que a China “está a alimentar a maior ameaça à segurança europeia desde o fim da Guerra Fria”.

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O secretário de Estado norte-americano inicia na terça-feira da próxima semana uma visita de quatro dias à China Remo Casilli / REUTERS
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Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, acusou esta sexta-feira a República Popular da China de ser o principal fornecedor e apoiante da indústria militar e de defesa da Federação Russa e desafiou o Governo chinês tomar partido na forma como se relaciona com a Europa.

“No que toca à base industrial de defesa da Rússia, o principal contribuinte, neste momento, é a China. Vemos a China a partilhar maquinaria, semicondutores e outros itens de dupla utilização que têm ajudado a Rússia a reconstruir a sua base industrial de defesa”, denunciou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, após o encontro com os ministros dos Negócios Estrangeiros dos outros membros do G7, na ilha de Capri, em Itália.

As autoridades norte-americanas já tinham dado conta, no início do mês, de que, apesar de não haver provas de que a China esteja a fornecer armamento “letal” à Rússia, esta tem recebido tecnologia de drones e de mísseis, imagens de satélite e maquinaria chinesa.

As denúncias de Blinken surgem poucos dias antes de uma visita que o próprio vai fazer à China e que está agendada para terça-feira da próxima semana. Também acontecem depois de Joe Biden, Presidente dos EUA, ter admitido impor novas tarifas à importação de aço e de alumínio chineses. Antes das reuniões entre os responsáveis de Pequim e de Washington, o ambiente entre as duas maiores potências do globo está, por isso, mais tenso do que nunca.

“A China não pode ter os dois mundos; não se pode dar a esse luxo”, criticou Blinken, citado pela Reuters. “Quer ter relações positivas e amigáveis com os países da Europa, e, ao mesmo tempo, está a alimentar a maior ameaça à segurança europeia desde o fim da Guerra Fria”, acrescentou, referindo-se à invasão russa da Ucrânia.

Na mesma linha, Annalena Baerbock, ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, disse que o G7 “não pode aceitar” que a China esteja a “procurar de forma declarada uma parceria ainda mais estreita com a Rússia” quando esta está a “travar uma guerra ilegal contra a Ucrânia”.

Xi Jinping e o Governo chinês nunca condenaram a invasão do território ucraniano pela Rússia e, no âmbito da “parceria sem limites” entre Pequim e Moscovo – que Vladimir Putin, Presidente russo, e Xi Jinping, seu homólogo chinês, anunciaram poucas semanas antes do início do ataque à Ucrânia, em Fevereiro de 2022 –, os dois gigantes asiáticos têm reforçado a sua cooperação económica, diplomática, militar e energética.

Ainda assim, as autoridades chinesas têm negado repetidamente que o país esteja a ajudar militarmente as Forças Armadas russas, nomeadamente no conflito ucraniano.

Um artigo publicado esta sexta-feira pelo Global Times, jornal do Partido Comunista Chinês em língua inglesa, diz que as acusações de Blinken são “uma tentativa desesperada” dos EUA de “arranjarem desculpas”, numa altura em que “o futuro do apoio à Ucrânia está a ir pelo cano abaixo”.

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